

Primeiro é importante entender
que, para acerto do ponto de ignição não existe uma receita pronta ou um número
mágico pois temos muitas variáveis que podem tornar o ponto escolhido ineficaz
para um determinado regime. E o entendimento desse assunto é bem complexo, mas
vamos usar algumas analogias e conceitos para tornar mais fácil sua
compreensão.
A ignição ou arco elétrico que
ocorre entre os eletrodos da vela de ignição é o ato que determina o início de
uma reação química chamada combustão entre 3 elementos, Ar, combustível e fonte
de calor (ignição). O arco elétrico de alta tensão que ocorre entre os
eletrodos da vela de ignição deve superar o valor da rigidez dielétrica que
pode ser influenciado por vários aspectos. Após gerado o arco elétrico ocorre
uma ionização das moléculas de combustível e ar existentes entre os terminais
dos eletrodos da vela de ignição. Ocorre por dois principais fenômenos na
propagação da frente de chama na câmara combustão, a reação química (oxidação
do combustível) e o fenômeno de transferência de calor que pode ser chamado de
frente de chama. A frente de chama dentro do cilindro teoricamente, tem uma
propagação esférica como uma bolha, mas na pratica pode ter uma forma irregular
e pode variar de ciclo para ciclo.
Um conceito importante de entender para facilitar a compreensão de
todos é: Porque alterar o ponto de ignição em um motor?
A resposta dessa pergunta está
relacionada com as variáveis que irão influenciar na velocidade do avanço da
frente de chama durante a combustão, pois o objetivo principal é fazer com que
a ignição na vela ocorra em um exato momento onde direcione toda energia da
combustão para empurrar o pistão para baixo no sentido correto.
Um exemplo bem simples para
explicar o avanço de ignição pode ser um ciclista pedalando sua bicicleta e a
posição na qual ele vai executar a força no pedal. Podemos usar como referência
de posição da força o ponteiro de um relógio para cada hora. Vamos lá, se o
ciclista aplicar a força na posição de 1h será o melhor aproveitamento, pois o
pedal terá até as 5hs para receber energia, ponto ideal.
E se iniciar somente as 3hs e
tiver a mesma força teremos menor aproveitamento da energia gerada pela
combustão, ponto atrasado.
Segundo algumas literaturas a
combustão deve gerar seu pico de pressão cerca de 13° a 15° depois de ponto
morto superior (DPMS) para gerar torque máximo e para isso ocorrer temos que
iniciar a reação no momento certo.
Julgamos que o assunto acima é de
extrema importância no acerto de um motor com injeção programável, vamos
revisar mais alguns conceitos ângulo de ignição através do vídeo abaixo.
Outro parâmetro a ser considerado
é o aumento do rpm, no qual o tempo de compressão é mais rápido por e por esse
motivo é necessário antecipar a ignição para direcionar a expansão da combustão
para o momento adequado.
Para entender melhor de avanço de
ignição é necessário saber os parâmetros que podem influenciar no resultado da
combustão, para que a mesma possa ser eficiente, rápida e completa.
1. Regime do motor,
2. Taxa de compressão estática e dinâmica,
3. Tipo de combustível,
4. Relação ar/combustível e formação da mistura
5. Desenho da câmara de combustão e fenômenos que aumentam sua turbulência
6. Temperatura do motor e do ar admitido,
7. Grau térmico, posição, ignibilidade da vela de
ignição, potência e corrente do sistema de ignição.
Cada um desses parâmetros pode
influenciar diretamente no avanço a ser escolhido no momento da calibração. Partindo
da premissa que os melhores projetos de motor usam baixo avanço de ignição
mostrando que a necessidade de se avançar muito o ponto de ignição para motores
é porque por algum motivo algo não está bem na combustão.
Nos mapas de ignição por rpm se
observarmos em forma de gráfico teremos um aumento do ponto de ignição logo
após a marcha lenta até o início da faixa de torque devido à baixa eficiência
volumétrica do regime. Durante a faixa de torque normalmente atrasamos o ponto
devido ao aumento de eficiência volumétrica fazendo com que a mistura queime
mais rápido nessa condição, por esse motivo atrasamos cerca de 2° a 3° o ponto
em relação ao pico anterior a faixa de torque.
Onde a faixa de torque começa a
cair é porque a eficiência volumétrica está caindo também, a queima fica mais
lenta e a velocidade do motor está mais alta o que na maioria dos casos
justifica um aumento do avanço.
O avanço de ignição é sensível a
carga e ou eficiência volumétrica por esse motivo que existe a necessidade de
ocorrer correções por esses parâmetros.
Talvez a melhor maneira ou mais
acessível de se buscar o avanço ótimo, é medindo-se o resultado final, ou seja,
o torque e a potência do motor em um dinamômetro. Em nossos treinamentos Nível 1 presencial e
no treinamento prático em dinamômetro mostramos e ensinamos esse procedimento,
já para quem não tem disponibilidade de tempo e busca uma opção online temos o
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